29 março 2006

No ar: a Sala do NoSense

Já coloquei no ar a Sala do NoSense. Meu espaço exclusivo para debater coisa séria (diferentemente da Cozinha, que pode discutir, de vez em quando, coisa séria). Nele, amigos e amigas, vocês encontrarão pequenos textos sobre movimento estudantil, política, e filosofia. Já tem dois textos por lá e espero que vocês gostem. Então, adicionem em seus "Favoritos":

http://saladonosense.blogspot.com

E, claro, comentem por lá também. Quem sabe a gente não bata aquele papo?

Ósculos e amplexos!

28 março 2006

Rapidamente, sobre duas coisas que muito me irritam.

A irritada Fernanda Young, com seu irritante jeito, e seu programa sobre coisas que irritam. Fórmula fraca, batida, portanto desinteressante, concorda? Não necessariamente. O programa é excelente, apesar de alguns momentos de pura falta de criatividade e extremamente cansativo (que cumprem a idéia de deixar o espectador irritado), faz com que, no resultado da soma, saia um programa interessantíssimo e que, fatalmente cumpra a idéia de fazer-nos pensar sobre as coisas irritantes de nosso cotidiano.Então, somo à Fernanda Young na minha cozinha, que durante duas semanas deixou leitores e eu mesmo muito irritado por não conseguir nem postar e ninguém comentar nada.

Errar o nome é coisa que deixa qualquer um fora do sério. Vejam por exemplo o meu, tranqüilo, fala-se exatamente como se lê. E conseguem a proeza de errar, e em alguns casos conseguem até mesmo inventar qualquer outra coisa menos o que eu chamo de meu nome. Não deve ser um exercício muito grave falar Michael, nunca deixei ninguém, até onde eu saiba, com câimbras na língua por ter ousado dizer meu nome sem aquecimento. Assim, simples e fácil. Foneticamente pode até mesmo sair um mixael, que não tem o menor problema. Mas já me aposeram nomes sinistros. O mais trivial é o maicom, e inevitavelmente, a associação com o maicom dançarino e de rosto desfigurado. Tá, além de me chamar de algo que eu não sou, ainda por cima não tem uma referência melhor para se lembrar desse horror? O alemão da fórmula 1 (não pela pronúncia, que por ser alemão o “CH” é aspirado, algo próximo ao mirrael; mas por se escrever exatamente igual ao meu); o Jordan do Wizards e antes Bulls; ou mesmo o próprio Michael arcanjo? Não, tem que ser o bendito que tem a pelvis mais famosa do mundo (talvez ganhando hoje ao do Elvis). E o sobrenome então: pior ainda! Genofre. Gê, depois o Nó, e terminando com o Fre. Tem algum mistério? Não é GUEnofre, nem muito menos Djênófre! E quando vou soletrar para que a alma sinistra não erre o meu nome ao escrever, sou bem explícito: Gê, quase aos berros, e o sujeito me tasca em letras garrafais um belíssimo “Jota”!

Aliás, o que chamam normalmente de burrice é algo que também muito me irrita. Não digo falta de cultura ou de conhecimento, afinal, nem todas as pessoas, aliás, nenhuma pessoa pode ter aprofundados conhecimentos sobre todos os assuntos ou matérias. Digo a grandiosa burrice mesmo, aquele lapso limiar entre a preguiça de usar o cérebro e seu não uso. O sujeito que se incomoda quando sugerimos uma alternativa para seu erro e irá usar toda a sua inteligência, até pouco usuária de morfina, para defender a burrice quando o que se feriu foi nada mais que seu orgulho. Ou pior, é aquele que entende a sugestão, agradece e torna a fazer a mesmíssima burrice. Papai do céu nos deu a bênção de termos um cérebro capaz de pensar, de não ser uma anta, mas algumas pessoas fazem questão de provar para Ele que seu esforço foi em vão.

Mas a campeã mesmo é quando a burrice cometida é a minha, esta então é o inferno na terra. Não terei nem Fernanda Young e nem mesmo outros para destilar toda a minha irritação senão eu mesmo.

Por hoje é só, rapidinho, nem doeu, eu sei, mas comentem. Senão, será um ato de extrema burrice! Para quem leu até aqui: terminou. Ósculos e amplexos!

14 março 2006

Papo de Cozinha - 14/03/2006

Na fulô, ou na filó! Papo de cozinha again. Internet a serviço da paranóia! É que virou onda agora o verbo “googlear”. Sabem o que é isso? É o seguinte, você está afim de uma pessoa, mas ao invés de ir até aquele ser, resolve digitar no Google o nome dele e ver o que aparece. E o mais interessante, isso não está acontecendo em nenhum outro país com tanta força quanto ao Brasil. Segundo especialistas, e acreditem, já deu tempo para encontrar algum, tudo começou por conta do Orkut. As pessoas, aos poucos, foram deixando de criar comunidades de afinidade e começou a simplesmente entrar em comunidades que acharam de bom humor. Assim foi perdendo a graça tentar descobrir como é a pessoa pelo o quê ela diz ser, mas uma angústia em procurar no Google o que a internet tem a dizer dela. É a internet a serviço da paranóia! Imagine-se sendo vigiado por milhões de pessoas que não tem nada melhor para fazer senão ficar fuçando na sua vida!

Aliás, já notaram quantas coisas estão a favor da paranóia? Acho que o quarto poder, a comunicação de massas, inventou um quinto: a psiquiatria. O Fantástico, por exemplo, festival de horrores. Fábrica de pacientes psiquiátricos. Doutor bactéria, que faz qualquer um, em questão de segundos, se tornar obsessivo compulsivo. Filósofa do Fantástico dizendo que tempo não existe, que é uma invenção do homem, para uma massa de brasileiros que não fazem a menor idéia do que seja o tempo mas que sabe que sua vida é regrada por ele. Outro exemplo, o gordo Soares. Vai um sujeito, faz uma graça no sapato dele, e o gordo desembolsa cinqüenta mangos de gorjeta! E nem um Plasil-zinho para ajudar?

E o manicômio não para por aí. Eu mesmo medearia inúmeros debates sobre o assunto. Mas, como medear debates também é coisa paranóica, afinal, apenas fornecer subsídios a duas opiniões distintas e sem dar nenhum pitaco sobre qualquer um dos dois é altamente paranóico. Mas ficamos por aqui hoje. Portanto, ósculos e amplexos a todas e todos. Para quem leu até aqui: a paranóia acabou. Comentem, se o blog não desfizer a paranóia de não deixar ninguém mais comentar.

10 março 2006

Gosto se discute!

Se gosto é como nariz, ou outra parte importante qualquer do corpo, por toda pessoa ter o seu, então, como a nossa sabedoria popular brasileira já alerta: gosto não se discute. Mas, se considerarmos que cada pessoa possui um gosto, não no sentido de paladar, mas o de sentir prazer com algo e se identificar com aquilo, é então o gosto algo universal. Se algo é universal, é passível de crítica. Caso seja algo que caiba a crítica, cabe então a discussão. Eis uma antinomia deliciosa de se experimentar. Algo que não, a priori, chegará em nenhum fim, por haver inúmeros gostos, tem, e ao mesmo tempo, inteira possibilidade de ser debatido e buscar, ao menos um consenso, ou seja, chegando de alguma maneira em algum fim. Adeus lógica formal silogística, viva a dialética!

Todos consideram bela alguma coisa e, ao mesmo tempo, iguais capacidades de não considerar belo qualquer coisa. Do necessário discernimento, aparece o imprescindível gosto. O trabalhador, sem dinheiro, tempo, ou mesmo conhecimento auto-adquirido sobre qualquer coisa senão seus afazeres, não têm possibilidade de apurar seu gosto. Por sua vez, na medida em que encontramos sujeitos em classes sociais acima desse trabalhador, tão logo vemos o mesmo com oportunidades de apurar o seu gosto. Surge o bom gosto, nasce o elemento que excluirá o trabalhador do mundo do belo e das artes (estética). O trabalhador então dependerá daquilo que seu limitado mundo de oportunidades lhe dará para experimentar. E, entre uma imposição aqui e outra acolá, o gosto do trabalhador será apurado tão somente pela lógica do que as classes dominantes disserem para ele o que deve ser consumido (o bom gosto) e o que deverá ser execrado (o mau gosto). E, indo mais além, o que se é ditado como bom gosto às classes trabalhadoras pelas classes dominantes, será ditado como de mau gosto às classes intermediárias. Afinal, essas classes intermediárias deverão sempre, no plano dos de cima, identificarem-se com os de cima, e não com os de baixo. Sejam membros das classes trabalhadoras, sejam membros das classes intermediárias, aquela máxima de Marx se aplica por inteiro: “sentidos físicos e intelectuais foram substituídos pela simples alienação de todos” (Manuscritos Econômicos e Filosóficos). O verbo Ser foi violentado pelo Ter da burguesia. E, em troca, o gosto do trabalhador e das classes médias também se tornam mercadorias, afinal, o gosto do burguês faz do dinheiro “puramente estético, auto-alienado, auto-referente e autônomo” (Marx, ibd.).

E, seguindo a regra marxista que, mais ou menos, diz que quando o burguês aleija o trabalhador naquilo que é belo, é hora de sair da estética para entrar no político, eis que o gosto deve ser discutido e muito. Inverter os impulsos pequeno-burgueses que acaba auxiliando na exclusão do trabalhador pela sua não oportunidade de apurar seu gosto, para quiçá ter seu próprio gosto. Mas demonstrar que aquilo que ele gosta, que ele considera de bom gosto, não é de fato algo necessário para ele, mas algo imposto e que fatalmente o levará à exclusão. Que há, naquilo que ele venha a gostar, possibilidade de ele mesmo a criticar e não ser levado ao alienante. E que, se gosto é como nariz, que ao menos possamos dar outras possibilidades para que o trabalhador consiga escolher qual narina e com qual material, ao menos, ele necessariamente possa limpar primeiro e melhor.

08 março 2006

Papo de Cozinha - 08/03/2006

Salvem! Na fulô, ou na filó! Papo de cozinha de quaresma! Eu maluco ficando por conta do estudantil movimento! Mas hoje vem a minha pequena vingança: “Prêmio Inteligência Acadêmica”! Enquanto a Cozinha passa por pequenas reformas, quero homenagear meus colegas estudantes pela astuta forma de responder aos abrilhantados momentos de pane total de nossa sapiência. Selecionei algumas aqui que realmente considerei geniais. Temo o dia em que serei professor, como não parabenizar tamanha capacidade de resolver esses momentos em que literalmente dá aquele “branco”? Ósculos e amplexos e divirtam-se.

Negociando conhecimento:

- Tema: Qual a função do Complexo de Golgi numa célula?
R: O Complexo de Golgi eu não sei, porém as mitocôndrias servem para [...].

Essa agora merece aplausos:

- Tema: “Qual a razão da denominação América”?
R: Sinceramente, não sei. Mas realmente fiquei curioso em saber o por que de uma pergunta tão imbecil. Para não zerar essa questão, deve ser uma puta homenagem para alguém importante!

Na falta de argumentos, use a criatividade:

- Tema – Redação: “Seca no nordeste”.
R: “Era uma vez uma linda menina que se chamava Seca. Certo dia ela foi morar no nordeste [...].

Regra que deveria ser obrigatória ao se formular uma pergunta que possui “qual a importância...”; deixe explícito a importância para quem ou que, senão:

- Tema – Qual a importância do Vale do Paraíba?
R: “De suma importância, afinal ela visa complementar a renda familiar junto com o vale-transporte e o vale-alimentação”.

Quem mandou fazer pergunta besta:

- Tema – “Sendo o sapo um animal pecilotérmico, explique o equívoco que aparece no seguinte trecho folclórico musical: “Sapo cururu, na beira do rio, não para de cantar, porque tá passando frio”.
R: Porque “O sapo não lava o pé, não lava por que não quer”!

E quem mandou fazer uma tão abstrata:

- Tema: De uma maneira geral, explique como ocorre uma imunização no corpo humano.
Um anjo, no domingo, depois de falar com o Pedro Bial, passa o colar da imunidade para alguém, assim impedindo que os outros votem nele no paredão, dessa maneira, imunizando mais um corpo humano da casa.

Sinceridade deveria ganhar nota extra:

- Tema – “Quantos são e que nome recebem os planetas do sistema solar”?
R: São nove ao todo: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, e mais outros cinco que agora não me lembro e que desconfio que o senhor não irá me deixar lembrar porque o tempo da prova já acabou.

Outra perfeitamente correta:

- Tema – “Cite 10 animais polares”.
R: 5 pingüins e 5 ursos polares.

E a que considero primeiríssimo lugar:

- Tema – “Qual a diferença entre prosa e poesia”
R: Prosa é quando escrevemos, escrevemos, até que se encha uma folha inteira para dar pro professor. Poesia é quando escrevemos para dar para o namorado.