19 fevereiro 2006

Papo de Cozinha - 19/02/2006.

Na fulô, ou na filó! Papo de cozinha finalmente! Impressionante como a capacidade de escrever é indiretamente proporcional ao tempo livre para isso. Portanto, passei a semana inteira doido para escrever, porém sem tempo nenhum para isso. Mas, chega de desculpas, afinal, a cozinha não pode parar. E por falar em cozinha, como o Fantástico é excelente para comentar. Aquela revista dominical que mais parece os antigos almanaques de farmácia é ótimo para dar assunto. Desde seu formato, que vai de massacre na favela da Rocinha e, sem dar chance para que o sujeito em casa grude os cabelos no teto, tasca o sucesso de público dos Rolling Stones.E dá-lhe público: cerca de um milhão e meio de pessoas nas areias, águas, calçadão, em cima das árvores, e até, pasmem, em cima do palco! E os velhinhos dos Stones demonstraram que não é só vinho que melhora quando envelhece. O gingado do dono da bocarra mais famosa do mundo chegou a me dar nó só de olhar. E aquele palquinho que anda? Realizou dois grandes sonhos brasileiros, o primeiro de ver os Stones de graça e o segundo o de atropelar mais de quatro mil pessoas sem deixar ninguém ferido! Realmente eles são Phoda! Porém, não pensem que o Rio de Janeiro parou pelos Stones! Teve troca de tiros na Rocinha. Criança inocente morrendo com bala perdida que só o Fantástico fantasticamente descobriu de qual lado veio o dito cujo. Beija-Flor testando a iluminação da Marquês de Sapucaí e o Cristo Redentor de braços abertos sobre a Guanabara. Reza a lenda que o Cristo bateu palmas e a estátua do Drummond saiu de perto de Ipanema para dar um pulinho lá no Copacana Palace. Ah! E é claro que o Rio de Janeiro continua lindo!

Campanha “Como é bom ser brasileiro”! Também no Fantástico apareceu uma cidade na Alemanha onde há uma ilha tropical artificial. O detalhe é que do lado de fora tá uma neve de perder o dedão do pé. O sujeito vai lá, paga alguns vinte e poucos Euros e desfruta artificialmente do que nós, povo brasileiro, nos damos o luxo de reclamar tomando aquela bereja estupidamente gelada. Viva o Brasil! Não sei se existe reencarnação, mas na minha última eu fui brasileiro e na próxima serei também!

E no futebol! Ai, ai! Quem mandou eu elogiar! O mundo realmente vai acabar e semana passada resolveu dar apenas um último suspiro. Nesse fim de semana meu time toma um saco de três batatas na orelha. ADAP de Campo Mourão continua líder, e em São Paulo todos golearam, mas o líder continua o Noroeste de Bauru. Francamente, o mundo vai acabar. Desconfiei quando ele começou pela geladeira da minha casa e tomou conta da dispensa. E por falar em esportes, Olimpíadas de Inverno: outro espetáculo! Faz montanha russa virar trem dos horrores, jogo de hóquei no gelo melhor que Vale-tudo, e uma espécie de bocha nas neves que lembra aquela mulher desesperada tentando limpar com um rodo toda uma enchente! E, sabem o melhor, assisto tudo isso no conforto ócio do meu sofá.

Bom, por hoje é só! Para quem leu até aqui: terminou! Comentem, senão irá passar o fim de semana de carnaval no rio ... Belém, para quem conhece Curitiba, sabe o potencial para Tietê que ele tem! Para todas, ósculos, para todos, amplexos, e para quem está no armário, acenda a luz!

14 fevereiro 2006

Papo de Cozinha - 13/02/2006

Na fulô, ou na filó! Papo de cozinha again! Depois de uma semana fora do planete, e com a razão no mundo das idéias, retorno com meu blog! Viva! E o mundo, que estava indo para o vinagrete, resolve se recuperar. Adia em alguns minutos seu fim. O ADAP continua líder, mas o Coxa está logo atrás com apenas dois pontos de diferença. O Botafogo ganhou a taça Guanabara. O Noroeste continua líder, mas o Palmeiras e o Corinthians estão marcando junto. E o Lula promete abrir 10 pontos na cabeça, e não será com porrada na testa careca do Serra, é na pesquisa mesmo. Aliás, por falar em porrada! E a tal das charges de Maomé? Mais um belo exemplo do que pode causar a soma de um jornal irresponsável, um governo neoliberal, e o desprezo pelo senso crítico dos leitores. Seis meses sem solução alguma após a publicação das charges, tão somente após o pau cantar no mundo inteiro, é que resolvem pedir desculpas. Sinceramente, viva o povo que se revolta! Quem sabe o mundo dos poderosos não fique menos prepotente e passe a valorizar mais a cultura dos povos.

E por falar em revolta. Uau! Saron Stone, como você é inteligente! Com tamanha sapiência, soube resumir os homens do mundo a uma comparação com cães. Francamente, já conheci comentários melhores. Posso, inclusive, escrever alguns milhares aqui nessa minha cozinha sem sentido. Realmente, senhora, se não fossem esses homens que vossa ilustríssima pessoa comparou a cães, aquela sua cruzada de pernas em nada teria auxiliado em sua carreira. Aliás, você, filha de operários, que trabalhou como escrava quando adolescente em um McDonalds para somar dinheiro a caprichos das revistas de moda, deve mesmo saber o quanto o homem deve mesmo ser coisa desprezível em sua vida. Afinal, deve ser mesmo uma vida angustiante tomar cantadas horrorosas em meio à banha e hambúrgueres. Eis que essa vida de proletária não era mesmo para você, e em tão pouco tempo resolveu dar o seu melhor para se tornar à mulher riquíssima que é hoje em dia. E como você soube retribuir bem aquela bolsa de estudos para estudar artes! Pegou seus 1,80 metros e foi ser modelo na Europa.

Levada por cães ao mundo do cinema, pois segundo você todos os homens assim o são e latem mais cedo ou mais tarde. Da descoberta de Woody Allen até o presente de Martin Scorcese, que segundo ele “depois daquela cruzada de pernas sem calcinha, ela merecia outra chance de mostrar ao mundo que não é apenas coxas!”. Mas, o caminho da polêmica é realmente mais vantajoso e mais simples. Poses sensuais, charutos em meio à formas nada convencionais de dar baforadas, enfim, tudo feito para um imenso público de cães ladradores. Para quê demonstrar o lado da competência, ou para quê valorizar os homens que de fato trazem para o mundo uma forma mais digna de se viver? O dinheiro que tu ganhas, senhora Stone, do qual é muito mais do que você precisa para viver e ainda pagar seus luxuosos gastos, depende da existência desses que sua ilustre pessoa tanto esculhamba. Espero que mais dessa matilha se convença da sua mensagem. Pois sua pessoa não contribuiu em nada para que tenhamos um mundo melhor. Pelo contrário, um dia você será passado, cairá no esquecimento. Já os cães, continuarão uivando muito, até que um dia nosso mundo seja mais digno e igualitário, mas graças a pessoas bastante diferentes de sua pessoa. Parabéns, senhora Stone, sua inteligência acabou de ser insultada por si mesma.

Bom, é isso. Para quem leu até aqui: terminou! Comentem, senão acordarão latindo ao assistir instinto selvagem dublado numa televisão 14 polegadas, preto e branco, naquela noite de insônia! Ósculos e amplexos.

05 fevereiro 2006

A mocinha, o canastrão, malvadões e telespectadores.

Imaginem o seguinte personagem de novela. O desespero de não ter dinheiro, de ter rejeição total familiar. Soma-se ainda a nenhuma educação seja social e muito menos sexual. Por fim, faça a ligação de que todos esses problemas existem com uma única pessoa. Perfeito, temos a mocinha da novela. Ela terá uma trajetória marcada pela desgraça, luta, dificuldade, tormentos mil, enfim, uma personagem a qual todos irão torcer por ela até o último capitulo da novela. E, mesmo cometendo verdadeiras atrocidades, mesmo assim, todos compreendem quando ela resolve assassinar o que houve de mais bonito com o amor dela com o canastrão da novela, invariavelmente casado e com completo desprezo pelo ser humano. Assassina a coisa mais significativa desse meio amor, pois a total falta de um bom acompanhamento psicológico e a exclusão social imposta a deixou com seriíssimos problemas psicopatológicos. Ou seja, realmente pouco importa para o enredo da novela se é um pires ou se é o gato de estimação pertencente a uma quase extinta raça no mundo felino. Ela irá fazer isso, e haverão personagens na novela que simplesmente irão a condenar, sem maiores ponderações, e aumentarão ainda mais sua exclusão. Imputando-na inclusive uma total marginalidade. Surgirão então os malvadões dessa novela. Aqueles que fazem com que a mocinha sofra, cada vez mais. Esses serão simplesmente odiados pelos telespectadores dessa novela, não importando o que façam.

Eis que no meio da trama, a mocinha, num total ato de desespero, comete um crime e vai para o xadrez. A novela então toma notoriedade. Os malvadões da novela pisoteiam, mentem, aumentam a história, esquece-se que mesmo que o crime seja uma atrocidade da natureza, coisa realmente indignante, mesmo assim, ainda há o ser humano por trás de tudo isso. Mas o telespectador não se deixa se enganar. Sofre junto com a mocinha a dor do arrependimento dela pelo crime cometido. Entendem, esses telespectadores, que é possível uma pessoa errar, hediondamente, mas mesmo assim, se arrepender e se tornar digno de perdão. E o ódio aos malvadões dessa novela toma conta e encoleriza todos os fieis telespectadores. Como podem ser tão vis esses malvadões? Como podem ser tão baixos? Tão asquerosos? "Ela cometeu um crime hediondo, e já está pagando por isso!" pensam sabiamente os telespectadores. O sentimento de culpa da mocinha já é um cárcere muito mais cruel que a jaula em que colocaram-na. E os malvadões, que coisa cruel, debocham, criam e alimentam pensamentos tão mesquinhos que chegam até a imaginar a mocinha numa condição ainda pior. Flertam desumanas penas de morte para a mocinha por conta do crime hediondo que essa cometera. Mas o telespectador é sagaz e separa o joio do trigo, ele sabe que a mocinha é antes de tudo, ser humano. Monstros são os malvadões, que a condenam ainda mais do que o confinamento que ela já está presa, seja em seu âmago, seja na cela da cadeia.

Pois bem, acabou a novela e começou o jornal. A primeira notícia é sobre uma mulher que, com seriíssimos problemas psicopatológicos, pagou para que matasse o seu filho recém-nascido, concebido durante um ato de entrega dela a um canastrão cujo só descobrira que ele era casado no dia do nascimento do menino. O jornal lança imagens chocantes. A criança estava num saco plástico boiando numa famosa lagoa de Belo Horizonte graças a um pedaço de madeira amarrado. O telespectador, exatamente o mesmo que a poucos minutos havia assistido a novela, desliga a televisão e comenta com a sua família: - “Essa mãe deveria ser amarrada, posta em um saco plástico, e jogada num rio com piranhas, só para ver o que é bom!”. E todos, na sala de jantar, concordam. Vão à mesa comer e ainda comentam coletivamente: - “Tomara que apodreça na cadeia!”.

Definitivamente, a arte peca por não conseguir reproduzir a vida. Ósculos e amplexos.

Papo de Cozinha - 05/02/2006.

Na fulô, ou na filó! Papo de cozinha again! Para aqueles que sentiram falta das atualizações nos últimos dias: relaxem, tudo está normal na cozinha. Digamos que a cozinha estava naqueles dias de fúria em que queremos fazer de tudo, menos encarar o fogão. E por falar em fogão, que lembra enxoval de casamento: mais uma campanha para a Cozinha do NoSense. Irá se chamar “Fortalecendo a parte vermelha do arco-íris”. E, antes que alguém venha com piadas infames, sou heterossexual, muito bem resolvido. Mas não posso deixar de comentar sobre esse fortíssimo elemento social, ou seja, GLBT (X,Y,Z). Depois de tanta polêmica, depois de tanta briga com dogmas e preconceitos. Diversos países estão aprovando o casamento gay. Fantástico, mas o que me impressiona mesmo é que, depois de tanto tempo simplesmente relegando a uma exclusão sem fim, o capital agora visa fazer ainda mais cifras sobre o tema. O estilista Gianni Molaro mudou toda sua grife para ser o primeiro costureiro (alta costura) especializado em roupas para casamento gay; Brad Pitty (para quem não saiba quem é: aquele sujeito de pouca sorte, casado com aquela mulher, uma tal da Angelina) faz questão de que seu próximo personagem seja um gay, e os problemas para que o casamento seja aceito pela sociedade e não só na lei. Enfim, a próxima parada gay terá grife de alta costura e cartazes do filme do Brad.

E por falar em possíveis brincadeiras infames com o tema tratado no parágrafo anterior, lembrei de algumas definições à Macaco Simão ou à Veríssimo filho: “Chato é aquele que, quando com tosseira, resolve não ir ao médico, mas ao teatro”; “Chato é aquele que, quando não tem mais nenhum assunto, resolve recapitular tudo novamente”. Senhor! Há mais chatos no mundo que pontos de ônibus da linha Interbairros. Há mais chatos no mundo que buracos nas estradas brasileiras. Aliás, outra de Macaco Simão, os buracos são tantos que há já um monte no acostamento esperando para entrar na pista.

Ecos do fim do mundo. Que retumbem os tambores do juízo final! O mundo vai acabar e continua dando pistas e mais pistas que será muito breve. O Coxa começa a se reabilitar no campeonato vencendo o líder ADAP por 2x0. Itamaraty contraria Tio Sam e dá voto de confiança ao programa nuclear do Irã, crê em fins pacíficos inclusive. O mundo vai mesmo acabar, e comecei a desconfiar quando ele iniciou seu fim pela geladeira da minha casa. Aliás, essa questão do enriquecimento e urânio do Irã e os Estados Unidos. Parece coisa de criança arteira, que enfia o dedo no formigueiro com a promessa de que, caso alguma formiga o ferroe, ele tacará água fervente no formigueiro inteiro. O Irã luta por autonomia em seu programa nuclear, desenvolvimento tecnológico, e alerta que só haverá desenvolvimento de bombas nucleares se algum grande país representar perigo a sua soberania nacional. Aí, o que faz o Bush? Simplesmente afronta, dizendo que se desenvolver o enriquecimento do urânio no Irã, esse país seria o topo do eixo do mal. Fenomenal, Bush, fenomenal!

E, para encerrar, meu fã-clube está ganhando cada vez mais densidade! Agora tenho organizado filial em Pernambuco! Gente! Estou ficando cada vez mais importante! E segundo a Glauce, querida amiga e uma fundadora do meu fã-clube no glorioso Estado de Pernambuco imortal, imortal; já fui condecorado como cidadão pernambucano!

Bom, por hoje é só! Para quem leu até aqui: terminou. Comentem, senão uma bigorna pintada de vermelho carmim cairá sobre sua cabeça. Ósculos e amplexos.